Como construir um currículo inovador sob o aspecto social

Blog Como construir um currículo inovador sob o aspecto social

17/08/2023
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Falar de transformação em dias atuais é um discurso recorrente, praticamente diário. Afinal, não há sequer uma pessoa que não seja impactada pelas novidades – que vão desde novas metodologias de ensino até o metaverso. 

No caso da educação, isso ganha ainda mais relevância; e é provável que essa área seja uma das mais afetadas quando falamos de um mundo que muda o tempo todo. Mas como adaptar o currículo escolar considerando esse cenário? Como construir um currículo inovador e que leve em conta aspectos sociais, cada vez mais significativos no dia a dia? Acompanhe este artigo e descubra essas e outras respostas.

A importância de um novo olhar a nova mentalidade

Uma prática importante é a de voltar o olhar para outras linguagens de educação que também sejam capazes de agregar valor ao processo de ensino-aprendizagem,  descolando-se um pouco da mentalidade da educação eurocêntrica e positivista.

Priorizar a ótica social é um dos caminhos possíveis para isso. É essa perspectiva que abre espaço para considerar diferentes povos e culturas, que preza a inclusão e a diversidade, que imprime a devida importância à educação antirracista, que abre espaço para os estudantes se desenvolverem no âmbito socioemocional, e por aí vai. 

Outro bom caminho é se aprofundar na aprendizagem como autor, conceito reforçado pelo professor e sociólogo Pedro Demo. Essa proposta coloca o estudante em um movimento de dentro para fora, como desenvolvedor e criador de conteúdo. “O estudante aprende se estuda, pesquisa, elabora, participa, não escutando aula. Esta pode servir, mas sempre em posição supletiva. O que faz a aprendizagem do estudante não é a fala do professor, que serve de estímulo externo. Para aprender, é boa ideia fazer o estudante pesquisar/elaborar, exercitando autoria, todo dia, para que se torne protagonista da sociedade/economia do conhecimento”, afirma Pedro no artigo “Aprendizagem como autoria“.

Nesse sentido, trabalhar um currículo inovador também diz respeito a se aprofundar, a estudar e, na medida do possível, a vivenciar toda a complexidade de pautas sociais, bem como compartilhá-las com os estudantes. Sob essa ótica social, a inovação passa também por conhecer e interpretar dados de pesquisas – como as que se aprofundam no racismo como principal causador da evasão escolar liderada por negros – a fim de propor soluções em conjunto com a comunidade; também entende a lógica que opera na persistência das desigualdades sociais e compreende como as ferramentas atuais podem ser recursos poderosos para combatê-las. 

No artigo “A persistência das desigualdades educacionais no Brasil, em 4 pontos“, do Nexo Jornal, as autoras Esmeralda Correa Macana e Rayssa Bolelli trazem exatamente esse olhar. Ao abordar as formas como a gestão educacional (no nível da sala de aula) pode atuar para mudar o padrão da persistência das desigualdades, apontam que um dos caminhos está em um currículo inovador, com pedagogias ativas e que desenvolvem competências como a criatividade e o pensamento crítico. Confira o trecho a seguir. 

“Não há modelos ou estratégias únicas para mudar esse padrão de persistência das desigualdades e também as mudanças não são de forma rápida, ainda mais quando lidamos com inércias históricas e culturais. Mas um primeiro passo precisa ser dado, que é trazer consciência sobre o que está operando por trás dessa realidade, como são os preconceitos, estereótipos, práticas racistas e mentalidades que reforçam as desigualdades. O combate a estas estruturas precisa estar de forma transversal na pauta das ações dos distintos níveis da gestão educacional, desde a Secretaria de Educação até a sala de aula. […]

A gestão no nível da sala de aula e das práticas pedagógicas requer implementação de currículos com pedagogias ativas e inovadoras que desenvolvam competências básicas e estruturais como a criatividade, o pensamento crítico ou de aspectos como a empatia, colaboração e cidadania. Por isso, a implementação de estratégias voltadas para o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes que contemplem outras dimensões de aprendizado, como as dimensões social, emocional, cultural e física, podem contribuir para diminuir a diferença em termos de oportunidades de aprendizado entre crianças ricas e pobres. […]”

Fonte: https://pp.nexojornal.com.br/perguntas-que-a-ciencia-ja-respondeu/2023/A-persist%C3%AAncia-das-desigualdades-educacionais-no-Brasil-em-4-pontos

3 dicas para pensar em um currículo inovador 

“É claro que não existe nenhuma fórmula mágica ou rápida que seja capaz de transformar, da noite para o dia, o processo de ensino e aprendizagem brasileiro. Entretanto, cada vez mais especialistas educacionais vêm abraçando a ideia de reformulação da base que sustenta as práticas pedagógicas: os currículos”, afirma a publicação da Elos

Trata-se exatamente do que discorremos até aqui: a importância de, gradativamente, romper com modelos tradicionais em sala de aula. A seguir, confira dicas práticas que vão ajudar você a desenvolver um currículo inovador.

Coloque o estudante como agente ativo do próprio desenvolvimento

Trabalhe com metodologias ativas e deixe de lado a figura do professor como alguém acima dos estudantes, mostrando os caminhos para o desenvolvimento.

Uma boa provocação é pensar em maneiras de trabalhar a educação antirracista em sala de aula. Que tal fazer isso com base no design thinking, por exemplo, ou mesmo convidar os estudantes a estudarem as políticas públicas por meio de um estudo que envolva a gamificação?

Entenda as verdadeiras demandas da turma e extrapole os muros da instituição


Conhecer as dores e as necessidades de aprendizagem dos estudantes pode facilitar a assertividade do docente ao se comunicar e ao propor diferentes atividades.

O Centro Educacional São Francisco, em São Sebastião (DF), pode ser uma inspiração nesse sentido. “Festival de cinema, aulas de circo, oficinas de vídeos e até mesmo um projeto chamado ‘Selfie Pedagógico’, por meio do qual os alunos são convidados a olharem para seus interesses e necessidades, são algumas das práticas curriculares desenvolvidas pela instituição em sintonia com a cultura juvenil que proporcionam sentido à aprendizagem dos estudantes”, afirma a publicação do Centro de Referências em Educação Integral. 

A importância de ouvir os estudantes e abrir espaço para que eles se engajem no próprio processo também é um diferencial. “A escola trabalha um currículo contextualizado às vivências dos alunos e à realidade de seus territórios por meio de projetos de caráter interdisciplinar. A escola também abre espaço para atender às demandas estudantis tanto no currículo como fora dele”, pontua. A diretora da escola, Luciana Fevorini, traz como exemplo dois coletivos feministas, que acontecem fora da sala de aula e que foram criados a partir de um pedido dos alunos 

Priorize o desenvolvimento das competências socioemocionais

Entender, lidar e enfrentar os sentimentos deixou de ser, há muito tempo, mera característica; e, a partir desse entendimento, aliar o processo cognitivo ao processo de desenvolvimento socioemocional é providencial para um currículo inovador. 

Desenvolver o autoconhecimento, ser capaz de estabelecer relações, ter capacidade de ouvir e de trabalhar em equipe são habilidades comportamentais que, além de transformar o presente, podem ditar o futuro profissional de todo estudante. 

Propor discussões e rodas de conversa em sala de aula que abordam essas competências é um ótimo ponto de partida. Mesclar a isso metodologias ativas – como a sala de aula invertida – pode tornar tudo ainda mais interessante. 

Conheça o case da professora Mara Vieira e entenda a importânciaimportancia das competências socioemocionais na escola. Acesse aqui.

Gostou de saber mais sobre o currículo inovador sob uma ótica social e não quer perder mais conteúdos como esse? Acompanhe o Portal CER e tenha acesso a entrevistas, ferramentas e tendências do mundo educacional.

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